Focus prevê inflação fora da meta em 2025
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Porto Velho, RO - A piora das expectativas para juros e inflação no Boletim Focus nesta segunda-feira (09) acende um alerta que deve ser considerado pelo governo e Congresso Nacional neste final de ano.
“Só fazemos ajustes nas crises, não podemos perder essa”, disse à CNN um experiente economista do mercado. A crise é de confiança na capacidade de Lula reequilibrar as contas públicas nos próximos dois anos, apontando horizonte factível para estabilização da dívida pública.
Historicamente, se uma crise se avizinha, a política tende a ser refratária, evitando medidas impopulares.
No caso brasileiro, dólar a 6 reais assusta mais do que déficit fiscal. O novo ciclo de alta dos juros também não ajuda e mantem o BC sob forte pressão, logo agora que o indicado por Lula vai assumir a presidência.
Faltando duas semanas para o fim do ano no Congresso, os sinais para aprovação do pacote fiscal não são bons. As medidas que impõe restrição aos benefícios sociais têm resistência mais forte da base aliada do governo.
E para garantir os votos necessários para aprovação da PEC, 308 na Câmara e 49 no Senado, o governo também encontra dificuldade. “Está difícil identificar a liderança desse processo”, disse um gestor ao blog.
Diante desse desafio, que é tão político quanto econômico, as estimativas para os indicadores seguem numa via de mão única: de piora.
Os mais de 100 economistas de mercado ouvidos pelo BC indicaram IPCA fora da meta no ano que vem, em 4,59%, e ajustaram para cima previsões para 2026 e 2027, 4% de 3,81% e 3,58% para 3,5%, respectivamente.
A desancoragem das expectativas está se fortalecendo e afastando a inflação cada vez mais longe da meta de 3%, que a partir de 2025 passa a ser contínua.
Com esse quadro, o Banco Central não terá outra alternativa que não intensificar o aperto nos juros. Na reunião do Copom desta semana, já se espera um ajuste de 0,75 ponto percentual, levando a Selic para 12%, dos 11,25% atuais, segundo boletim Focus.
A previsão dos economistas também foi corrigida para os três anos a frente. Para 2025, a taxa deve ficar em 13,5%, para 2026, em 11% e para 2027, em 10%, tirando do horizonte de médio prazo a volta dos juros em um dígito.
Nesta segunda-feira o dólar abriu em queda, seguindo o desempenho da moeda americana no exterior. Com anúncio de medidas de estímulo na China, os preços das commodities subiam, favorecendo a bolsa brasileira que começou a semana em alta.
A queda do regime da Síria mantém investidores em alerta, mas não no modo aversão ao risco.
Os movimentos do dia-a-dia têm sido pouco relevantes para indicar uma trajetória para os preços dos ativos financeiros no Brasil. A incerteza tem alimentado muito mais a volatilidade do que a segurança em tomar alguma posição no mercado.
Fonte: CNN Brasil
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