Taipé anunciou aumento nos gastos com defesa em meio a tensões com a China

Porto Velho, RO - Taiwan revelou um protótipo de míssil de cruzeiro, desenvolvido em conjunto com um fabricante de armas dos Estados Unidos e previsto para ser fabricado na ilha, enquanto busca fortalecer sua indústria de armas para dissuadir quaisquer possíveis ameaças militares da China.
O NCSIST (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Chung-Shan), de propriedade do governo e principal fabricante de armas de Taiwan, apresentou o “míssil de cruzeiro autônomo de baixo custo” que desenvolveu em conjunto com a Anduril Industries, uma empresa relativamente novata no setor de defesa dos EUA, antes da maior exposição de defesa da ilha, que começou nesta quinta-feira (18).
A China considera Taiwan como seu próprio território e prometeu tomá-lo — à força, se necessário. Sob o comando do líder Xi Jinping, a China intensificou a pressão militar, diplomática e econômica sobre Taiwan, enviando regularmente caças e navios de guerra, buscando aumentar sua presença no cenário mundial.
Diante da ameaça chinesa, o presidente taiwanês, Lai Ching-te, anunciou recentemente que Taiwan aumentará os gastos com defesa para 5% do seu PIB antes de 2030.
Adaptado do Barracuda-500 da Anduril, um míssil autônomo, de baixo custo e com capacidade de propulsão lenta, lançado de aeronaves que está sendo testado pelas Forças Armadas dos EUA, o novo míssil terrestre pode ser usado contra alvos no mar ou em terra. O NCSIST não divulgou o alcance da arma.
Taiwan pretende iniciar a linha de produção do míssil no próximo ano e meio, limitando o custo por míssil a aproximadamente US$ 216.000, disse o presidente do NCSIST, Li Shih-chiang, a repórteres na quarta-feira (17).
“Toda a cadeia de suprimentos do míssil estará em Taiwan. Essa é a direção-geral de toda a cooperação futura”, informou Li.
O instituto também exibiu um protótipo de um drone subaquático e uma mina móvel autônoma subaquática que pretende desenvolver e produzir em conjunto com a Anduril.
Fornecimento de armas dos EUA
Washington é o principal financiador internacional e garantidor da segurança de Taiwan e, há décadas, é o principal fornecedor de armas para Taipé.
Nos últimos anos, no entanto, as entregas americanas têm sido reduzidas devido ao aumento da demanda por armas em todo o mundo, pressionando os fabricantes americanos.
A CNN entrou em contato com o Pentágono e a Anduril para obter comentários.
Li, presidente do NCSIST, acrescentou que o instituto assinará dois contratos e quatro memorandos de entendimento com seis empresas americanas e canadenses durante a feira de defesa de três dias.
Durante uma visita a Taiwan no mês passado, o fundador da Anduril, Palmer Luckey, elogiou a capacidade de fabricação e o poder tecnológico da ilha.
“Taiwan está à beira de um renascimento tecnoindustrial na defesa nacional, um renascimento que se baseia em seu renascimento tecnoindustrial em eletrônicos de consumo, em eletrônicos industriais, um renascimento que tornou Taiwan invejada pelo mundo”, declarou Luckey.
China alerta contra interferência
O ministro da Defesa chinês, Dong Jun, criticou duramente a “interferência militar externa” em Taiwan em um fórum anual de defesa em Pequim nesta quinta-feira (18).
“Jamais permitiremos que qualquer plano separatista para a independência de Taiwan tenha sucesso e estamos prontos para frustrar qualquer interferência militar externa a qualquer momento”, disse Dong a autoridades de defesa, militares e acadêmicos reunidos no Fórum Xiangshan de Pequim.
Dong também condenou a “mentalidade da Guerra Fria, o hegemonismo e o protecionismo” — expressões que Pequim usa há muito tempo para criticar os EUA — e pediu que os países se posicionem contra “atos de intimidação”.
Na semana passada, Dong levantou a questão de Taiwan — a mais vermelha das linhas vermelhas para Pequim — em sua primeira ligação com o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, alertando que qualquer tentativa de usar a ilha para conter a China está “fadada ao fracasso”.
Fonte: CNN Brasil
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