Para o governo húngaro, ato representa ameaça a menores de idade


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Porto Velho, RO - A comissária europeia para a Igualdade e pelo menos 70 deputados europeus vão participar, neste sábado (28), na Marcha do Orgulho LGBT de Budapeste. A manifestação foi proibida pelo governo húngaro, com o argumento de que representa uma ameaça para os menores.

“Vou a Budapeste para celebrar os nossos valores europeus e a nossa rica diversidade”, disse a comissária europeia para a Igualdade, Preparação e Gestão de Crises, Hadja Lahbib.

“O direito de ser exatamente quem se quer, de amar quem se quer e de marchar pelos nossos direitos são liberdades fundamentais da nossa União [Europeia]. Devemos defender isso. Trata-se de quem somos como europeus”, afirmou em comunicado divulgado nesta sexta-feira (27).

A marcha, que deverá ter participação expressiva, apesar da proibição governamental, contará ainda com a presença de cerca de 70 deputados europeus dos grupos Social-Democrata, Liberal, Verde e de Esquerda. Entre os representantes do Parlamento Europeu estarão pelo menos duas parlamentares portuguesas: Ana Catarina Mendes (PS) e Catarina Martins (BE).

A Comissão Europeia manifestou apoio à marcha, tendo a presidente Ursula von der Leyen solicitado às autoridades húngaras que permitam a realização e não imponham multas ou sanções a nenhum dos participantes.

Nessa quinta-feira (26), Von der Leyen reforçou o apelo à Hungria para que autorizasse a realização do desfile, depois de o ministro da Justiça húngaro ter avisado aos participantes que estariam cometendo crimes ao comparecer ao evento.

Os níveis de ameaça no gabinete do Parlamento Europeu em Budapeste foram aumentados antes da visita da delegação.

“Está tudo em ordem para garantir a segurança dos deputados europeus, bem como de todos os seus acompanhantes”, disse hoje um porta-voz do Parlamento Europeu.

Lahbib aproveitará a viagem para se reunir com organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional e a ILGA-Europa, além de se reunir com os organizadores da marcha do orgulho gay e participar de recepção e entrevista com o presidente da Câmara de Budapeste, Gergely Karácsony.

O governo do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que tem restringido os direitos da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) desde que assumiu o poder em 2010, aprovou uma série de reformas legais e constitucionais em março e abril passados para proibir a 30ª edição da Marcha do Orgulho Gay, alegando que representa ameaça ao “desenvolvimento adequado” dos menores.

As regras preveem multas para os participantes dos eventos e, de acordo com a imprensa independente, o governo planeja utilizar sistemas de reconhecimento facial.

Embora a marcha nunca tenha sido oficialmente anunciada pelos organizadores, a polícia húngara proibiu o evento há duas semanas, enquanto o presidente da Câmara da capital húngara propôs uma Marcha do Orgulho de Budapeste, alternativa como evento municipal.

Dessa forma, garantiu, não é necessária autorização policial prévia e a proibição não seria válida.

Para o governo, no entanto, o evento pode ser proibido pela polícia e a participação terá “consequências legais”, podendo as penas chegar até a um ano de prisão.

Os organizadores da marcha em Budapeste esperam mais de 35 mil pessoas neste sábado, prevendo a maior participação desde a criação do evento, na década de 1990.

Fonte: Agência Brasil